Não tenho pretensões nenhuma, só escrevo o que quero, quando quero e fim. Nada me define, nada me limita.

sábado, 18 de junho de 2011

O Homem e o tempo

Os sonhos da criança não são mais os mesmos...
O tempo passou, ela mudou...
Ela foi o sonho de seus pais, agora teria uma vida inteira para sonhar

Os sonhos do menino não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Antes sonhara em ser astronauta, vivia no mundo da lua
Queria ver o mundo lá de cima, será que encontraria a rua que morava?

Os sonhos do rapaz não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Queria passar no vestibular, ser doutor e trabalhar
Será que aquela festinha ainda vai rolar?

Os sonhos do homem não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Agora, me desculpem, não tenho tempo para sonhar...
Tenho mulher e filho pra sustentar, tenho que ir trabalhar!

Os sonhos do senhor não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Chegando ao fim, quantos sonhos será que realizou?
Se pudesse realizaria apenas mais um...
Voltar á ser criança e continuar a sonhar.







quinta-feira, 9 de junho de 2011

O poeta e a quimera Devaneios meus

O meu olhar de poeta não consegue ver
Há muito que a vida passa diante de mim sem que eu seja capaz de entender
Quando meu devaneio finalmente chega ao fim
Vejo quanto tempo passou
Perdido entre sombras, vagando á esmo por paragens
Por lugares passei
Onde ficam?
Pessoas conheci
Quem são? Pra onde foram?
Não consigo lembrar.
Enfim, estou aqui novamente, vivo, lúcido, consciente.
Não sei por quanto tempo.
Gosto de sonhar.
Vivo sonhando, durmo para acordar.
As coisas do lado de lá são mais belas ou as daqui é que o são e eu não consigo mais enxergar?
Me pego lembrando, do sorriso da menina, do belo por do sol, das crianças brincando.
Será que já estou sonhando?
Talvez as coisas sejam melhores do lado de lá.
Crio o meu mundo
Reinvento pessoas
Invento novos lugares
Espere!
Não estive aqui semana passada?
Vivo perdido entre dois mundos, o real e o imaginário.


 



quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Dançarina


O ritmo alucinante delimitava os batimentos do seu coração.

Os cabelos longos, soltos, balançavam de um lado para o outro acompanhando a musica.
Os braços estendidos para cima, agitados freneticamente.
A boate estava lotada.
Flutuando por entre a multidão havia o aroma fétido de suor, álcool e cigarro.
Mas, ela não se importava.
Só queria dançar, a noite era dela e ela rodopiava para lá e para cá.
Ás vezes encontrava com corpos suados que assim como ela perdiam o controle, mas ninguém se importava.
O globo de luz no teto era o centro do seu universo.
As luzes multicoloridas alteravam a sua realidade e ela amava aquele seu novo mundo.
Estava em êxtase.
A garota de salto plataforma e saia xadrez era a rainha daquele salão.
O mundo poderia acabar e ela só queria dançar.
De repente, não mais do que de repente, a musica morreu e o mundo perdeu a cor.
A dançarina tropeçou nos próprios passos, a respiração ficou pesada, gotas de suor surgiram em sua testa e ela desabou na pista de dança.
Acordou momentos depois numa viela imunda atrás da boate.
A cabeça latejava com uma dor excruciante, a boca seca sentia sede.
Sentiu-se vazia, despojada de todos os sentimentos agora só havia a ânsia de mais uma dose, uma ultima musica.
Precisava sentir-se viva novamente.
Em sua louca vontade revirou os bolsos procurando pelas pílulas, não havia mais.
A ilusão alojou-se ao seu lado na sarjeta, rindo debochada do seu desespero.
Pouco á pouco a abstinência foi dominando a sua razão.
Ela gritava para que aqueles vultos fossem embora, as sombras passavam por ela sugando um pouco do que ainda restava de sua sanidade.
Sentou-se no meio fio abraçando os joelhos e chorou.
As lágrimas misturavam-se á maquiagem formando cascatas do mais puro negrume, escorriam pelo seu rosto e penetravam fundo em seu coração.
Escuridão que invadia seu corpo e alma exigindo mais uma dose.