Não tenho pretensões nenhuma, só escrevo o que quero, quando quero e fim. Nada me define, nada me limita.

domingo, 6 de novembro de 2011

O sorriso do palhaço já não tem graça

Imagine um mundo onde o palhaço que faz o discurso e o político que faz a piada.
Imagine um mundo onde os médicos enterram os pacientes e o coveiro trata dos doentes.
Imagine um mundo onde as crianças saem para trabalhar, enquanto os adultos brincam de gente grande no jardim.
Imagine um mundo onde o aluno ensina o professor.
Imagine um mundo onde a policia solta o ladrão e o ladrão prende o cidadão.
Imagine um mundo onde choram de alegria e dão risada da desgraça.
Imagine, sinta, viva.




Ao infinito e além

Ele caminhava á passos largos, passos firmes como só os de um homem livre poderiam ser.
Não havia mais correntes, os grilhões jaziam em pedaços em seu interior.
Enfim, era o senhor do seu destino, dono de sua liberdade.
Sua alma transbordava de boas vibrações, de luz... Um novo dia surgia no horizonte.
Seus passos ecoavam pela velha estação de trens, como memórias de dias que já passaram.
Carregava uma mala pesada, ela fazia seu corpo pender para o lado, depositara nela todos os seus medos, todas as suas angústias.
Ele não sabia, mas a mala estava furada e pelo caminho espalhavam-se peças pelo chão.
Pedaços de tristeza, partes de solidão...  
A cada passo, seu fardo ficava mais leve, até que não sobrou mais nada além do recipiente que o continha, vagas lembranças.
Deu por si rodeado por outros como ele, homens, mulheres, adultos e crianças.
Todos caminhavam de malas nas mãos e fragmentos pelo chão, para um destino em comum...
Embarcaram no trem do infinito, rumo ao horizonte de onde a luz surgia.



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Oração

Eu repenso minhas pequenas aventuras,
 meus medos,
 aqueles bem pequenos,
 que pareciam tão grandes.
 Para todas as coisas vitais,
 eu tinha que correr atrás,
 e ainda assim,
 só existe uma grande coisa,
 a única coisa,
 viver para ver o grande dia que amanhece
 e a luz que preenche o mundo.

*Oração Inuit








sábado, 10 de setembro de 2011

Outono

As folhas mudas de outono  carregam o silêncio
E o assobio do vento é um triste lamento
Da primavera que já passou.
Da rosa falta a beleza das pétalas
Só resta a aflição dos espinhos.
Todo o mundo é triste em sua dor, sem cor
O vazio que vaza pelos olhos, amarga os corações
É o prenúncio de que o inverno será sem amor.
Na fluidez do riacho, o tempo corre e rega as sementes de esperança 
E tudo ganha vida, é primavera outra vez.







quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A rosa e a vela


Quando a vela apaixonou-se pela rosa, algo inimaginável aconteceu.

Sentia o peito queimar com toda aquela paixão, seu corpo era dominado pelo ardor e seu único pensamento consumia-lhe o cerne.
Trepidava todas as vezes que o vento trazia o aroma da rosa e aflito vivia em utopia, desejando o que nunca poderia ter.

A rosa formosa exalava beleza por todo o lugar, á todos encantava com o seu charme.
Nunca antes fora dominada, repelia-os com os seus espinhos, porém nunca deixava de ser admirada.
Vivia solitária em seu reino de cristal.

Em certa noite escura de outono, as pétalas da rosa começaram á cair.
Ela definhava na escuridão, sozinha e desesperada.
Do breu uma luz surgiu, foi se aproximando... aproximando... aproximando...
Pouco á pouco foi se aconchegando, seu corpo se moldou ao da rosa, suportando os seus espinhos.
E Juntos, foram consumidos no fogo eterno do amor.

Nas noites mais frias e escuras os apaixonados podem jurar que existem espinhos a perfura-lhe o coração e uma chama á iluminá-lo e aquecê-lo.







terça-feira, 2 de agosto de 2011

Os elos da corrente

Os elos da minha corrente são fracos.
Eu sou o elo que é ruim de quebrar.
O elo paterno é antigo, corroído pela ferrugem.
Quanto mais rígido mais frágil torna-se, estar á ponto de partir.
Os elos da minha corrente são fracos.
Eu sou o elo que é ruim de quebrar.
O elo materno é apático, fragilizado pela fé,
vive rezando por aquele que há de voltar.
Enquanto isso espera...
Os elos da minha corrente são fracos.
Eu sou o elo que é ruim de quebrar.
O elo fraterno é instável, o mais fraco e frágil.
Habita entre a insanidade e a lucidez.
Os elos da minha corrente são fracos.
Eu sou o elo que é ruim de quebrar.
Frio, silencioso e resistente como o aço que há tudo suporta.
Eu sou o elo que os une e por isso carrego o seu peso sobre os ombros.
Eu sou o elo que é ruim de quebrar.





segunda-feira, 18 de julho de 2011

I belive i can fly

Eu acredito que posso voar.
Acredito! Acredito!
Acredito que posso ir além, me superar... se for capaz, me esforçar.
Acredito no amor como essa força incentivadora capaz de mudar o mundo.
Basta apenas que você também acredite.
Venha! Me dê a mão, feche os olhos e vamos voar.
Acredito na inocência do sorriso da criança, na sabedoria das palavras dos mais velhos, acredito na amizade e no amor.
Acredito em mim, em você e no mundo...  http://jppjr.blogspot.com/
Acredito nas palavras mágicas... Allakzam, abracadabra e obliviate http://thainafreitas.blogspot.com/
Acredito no amor, na sua forma mais simples http://www.bethynah.blogspot.com/
Acredito! pois sei que em cada universo concêntrico http://gusmoreira.wordpress.com/ pessoal de cada um, existe um infinito particular http://paloma-teixeira.blogspot.com/
Sonhos onde tudo é possivel.
Acredito, pois mesmo nos dias mais sombrios, ainda podemos fechar os olhos e sonhar. Os sonhos são o alimento da alma.










segunda-feira, 11 de julho de 2011

A maldição dos reis

Era noite...  A luz da lua projetava sombras por todo o lugar.
O grande salão do trono estava vazio exceto pelo seu frequentador mais ilustre e uma visita inesperada na madrugada. 
O negro da noite era como as suas vestes, os olhos lilás brilhavam no escuro... Do capuz duas mechas dos seus cabelos prateados saltavam sobre os ombros, seu corpo esbelto e ágil se movimentava com graça e leveza ao sair do esconderijo nas trevas. Os rostos de homens sérios, carrancudos e sisudos observavam os seus movimentos, os grandes reis do passado imortalizados em quadros pendurados nas paredes.
Seus passos eram silenciosos através do grande salão, como seriam em qualquer outro tipo de terreno ou lugar, aquele era o seu oficio: a furtividade.
Sentado em um trono dourado em uma plataforma elevada no meio do salão estava aquele a qual denominavam como “A mão de ferro” um tirano usurpador que assassinara o rei por direito e tomara seu lugar.
O povo se submetia aos seus caprichos e extravagâncias, mas entre amigos clamavam pela justiça que sabiam... não tardaria. Assim diziam as profecias.
Era do conhecimento de todos que aquele reino era amaldiçoado.
O usurpador gostava de vim ao salão do trono para se vangloriar do seu feito perante os antepassados do seu rival, sua vaidade assim o exigia nas noites de insônia, quando as palavras da maldição antiga ecoavam pela sua mente na voz assustadora do vento e os boatos de um herdeiro bastardo do rei legitimo fervilhavam em seu sangue.
Degustava de um cálice de vinho, enquanto fitava as figuras ao redor.
- Tolos supersticiosos! ninguém poderia tomar o que havia conquistado.
O gatuno se aproximou do trono pela retaguarda, a poucos passos do alvo, sacou o punhal...  Uma lâmina curva de brilho azulado, com o punho incrustado de jóias, a arma de um nobre.
Tudo aconteceu rápido, um corte de orelha á orelha, o gorgolejar, o ultimo suspiro seguido do baque surto no assoalho e o tilintar da coroa á rolar pelo chão.
A justiça estava feita.
O assassino limpou o punhal nas vestes de sua vitima, desceu o lance de escadas e apanhou a coroa ornamentada com gemas preciosas.
Subiu os degraus com ela em mãos, os olhos ardendo em brasas, sorria.
Algo dentro de si mudara, seus propósitos para estar ali naquela noite mudaram.
Sentou-se no trono e pensou...
Aquele poderia ser o seu lugar por direito.
Direito de sangue.
Abaixou o capuz, revelando os longos cabelos cor de prata, sua consciência pesava em dúvidas.
Colocou displicentemente a coroa sobre a cabeça.
- De fato lhe caíra muito bem, apenas mantenha a cabeça sob ela. ouviu uma voz  sussurrar ao seu ouvido.
Virou-se para os lados sobressaltado, porém não havia ninguém e um calafrio percorreu seu corpo.
E assim, no grande salão do trono do castelo do Vento Uivante um usurpador jazia em uma poça de sangue enquanto outro tomava o seu lugar.
E a justiça tinha sido feita pela maldição dos reis antigos, pela qual nenhum outro rei ocuparia aquele trono se não fosse de seu direito de nascimento.
Sempre haveria traição e morte, até um sangue do seu sangue ocupar novamente o seu devido lugar no trono dourado.


Ps¹: A Imagem é de Drizzt Do'Urden (Forgotten Realms)  leve inspiração para o personagem desse conto.




quarta-feira, 6 de julho de 2011

A hipocrisia da morte


Parado junto á porta do quarto, encostado com o pé direito apoiado displicentemente na parede, os braços cruzado sobre o peito, ainda vestido com o avental do hospital publico, ele observa a cena.
No leito seu corpo parecia adormecido, porém, já não respirava há alguns minutos.
A filha segura sua mão, chorando aos soluços a morte do pai.
-Meu pai, meu pai! Lamuriava-se
A viúva sentada logo ao lado, aperta firmemente o terço enquanto reza e encomenda a alma do falecido.
Os médicos já tinham desligado todos os aparelhos que mantinham um fiapo de esperança... Esperança de que ele fosse sair dessa.
Evitar o inevitável.
 “Dane-se!” pensou.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo surgimento abrupto do seu vizinho e amigo, mal tinha entrado no quarto e logo se dirigiu á viúva que prontamente encarregou-se de enxugar as lágrimas e receber as condolências.
- Meus pêsames Silvia, para o que precisar de mim, eu estarei aqui. Disse segurando as mãos da mulher.
Depois vieram o chefe e alguns colegas do escritório, todos consternados com a morte do querido colega e funcionário.
- Que lástima! Que perda irreparável! Anunciou o patrão inaugurando o discurso que seguiu o de toda a trupe.
Seria cômico se não fosse trágico.
Será que já estava no inferno? Seria esse o comitê de boas vindas?
Infarto, aos 42 anos, resultado de uma esposa infiel, de problemas de relacionamento com a filha, de um emprego estafante e de um chefe inescrupuloso.
Quando enfim  será que terá paz? 





sábado, 18 de junho de 2011

O Homem e o tempo

Os sonhos da criança não são mais os mesmos...
O tempo passou, ela mudou...
Ela foi o sonho de seus pais, agora teria uma vida inteira para sonhar

Os sonhos do menino não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Antes sonhara em ser astronauta, vivia no mundo da lua
Queria ver o mundo lá de cima, será que encontraria a rua que morava?

Os sonhos do rapaz não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Queria passar no vestibular, ser doutor e trabalhar
Será que aquela festinha ainda vai rolar?

Os sonhos do homem não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Agora, me desculpem, não tenho tempo para sonhar...
Tenho mulher e filho pra sustentar, tenho que ir trabalhar!

Os sonhos do senhor não são mais os mesmos...
O tempo passou, ele mudou...
Chegando ao fim, quantos sonhos será que realizou?
Se pudesse realizaria apenas mais um...
Voltar á ser criança e continuar a sonhar.







quinta-feira, 9 de junho de 2011

O poeta e a quimera Devaneios meus

O meu olhar de poeta não consegue ver
Há muito que a vida passa diante de mim sem que eu seja capaz de entender
Quando meu devaneio finalmente chega ao fim
Vejo quanto tempo passou
Perdido entre sombras, vagando á esmo por paragens
Por lugares passei
Onde ficam?
Pessoas conheci
Quem são? Pra onde foram?
Não consigo lembrar.
Enfim, estou aqui novamente, vivo, lúcido, consciente.
Não sei por quanto tempo.
Gosto de sonhar.
Vivo sonhando, durmo para acordar.
As coisas do lado de lá são mais belas ou as daqui é que o são e eu não consigo mais enxergar?
Me pego lembrando, do sorriso da menina, do belo por do sol, das crianças brincando.
Será que já estou sonhando?
Talvez as coisas sejam melhores do lado de lá.
Crio o meu mundo
Reinvento pessoas
Invento novos lugares
Espere!
Não estive aqui semana passada?
Vivo perdido entre dois mundos, o real e o imaginário.


 



quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Dançarina


O ritmo alucinante delimitava os batimentos do seu coração.

Os cabelos longos, soltos, balançavam de um lado para o outro acompanhando a musica.
Os braços estendidos para cima, agitados freneticamente.
A boate estava lotada.
Flutuando por entre a multidão havia o aroma fétido de suor, álcool e cigarro.
Mas, ela não se importava.
Só queria dançar, a noite era dela e ela rodopiava para lá e para cá.
Ás vezes encontrava com corpos suados que assim como ela perdiam o controle, mas ninguém se importava.
O globo de luz no teto era o centro do seu universo.
As luzes multicoloridas alteravam a sua realidade e ela amava aquele seu novo mundo.
Estava em êxtase.
A garota de salto plataforma e saia xadrez era a rainha daquele salão.
O mundo poderia acabar e ela só queria dançar.
De repente, não mais do que de repente, a musica morreu e o mundo perdeu a cor.
A dançarina tropeçou nos próprios passos, a respiração ficou pesada, gotas de suor surgiram em sua testa e ela desabou na pista de dança.
Acordou momentos depois numa viela imunda atrás da boate.
A cabeça latejava com uma dor excruciante, a boca seca sentia sede.
Sentiu-se vazia, despojada de todos os sentimentos agora só havia a ânsia de mais uma dose, uma ultima musica.
Precisava sentir-se viva novamente.
Em sua louca vontade revirou os bolsos procurando pelas pílulas, não havia mais.
A ilusão alojou-se ao seu lado na sarjeta, rindo debochada do seu desespero.
Pouco á pouco a abstinência foi dominando a sua razão.
Ela gritava para que aqueles vultos fossem embora, as sombras passavam por ela sugando um pouco do que ainda restava de sua sanidade.
Sentou-se no meio fio abraçando os joelhos e chorou.
As lágrimas misturavam-se á maquiagem formando cascatas do mais puro negrume, escorriam pelo seu rosto e penetravam fundo em seu coração.
Escuridão que invadia seu corpo e alma exigindo mais uma dose.






domingo, 29 de maio de 2011

A dama de branco

Tirou os sapatos e subiu no parapeito da ponte.
Deu dois passos vacilantes, a brisa fresca da noite balançou as madeixas loiras do seu cabelo, sentiu no rosto o gosto da liberdade.
O vestido branco flutuava ao vento.
Abriu os braços para a imensidão do vazio como que para receber um grande abraço da lua, á sua frente uma queda fatal de 300 metros, mas essa noite acreditava que poderia voar.
Sorriu, o riso dose do desapego, livre de toda a culpa ou ressentimento.
Enfim estava livre, poderia voar.
Passado o êxtase do momento, sentou-se no beiral da ponte balançando os pés.
Sentiu cócegas.  gas u ando os ps, ele sorriu.
a vida, o homem com quem planejou construir toda uma vida.
Olhou para o céu, o infinito vazio repleto de estrelas, era tudo tão perfeito, por que não poderia ficar ali para sempre?
Lembrou-se da família, dos amigos, foi quando suavemente, ele se aproximou abraçando-a por trás, sabia que era ele, ela o estivera esperando.
Seu marido, seu grande amor, o homem com quem planejou construir toda uma vida.
Ela virou-se com lágrimas nos olhos, ele sorriu, afagou seu cabelo.
Ela sabia que estava chegando a hora de ir.
Olhou uma ultima vez para o seu grande amor e fechou os olhos como que para guardar aquela imagem para sempre.
Acordou em sua cama, de imediato virou para o lado esperando encontrá-lo, mas só havia o espaço vazio que antes ocupava.almediato virou para o lado... s olhos como que para guardar aquela imagem  para sempre.
No canto do quarto a cadeira de rodas, sequela do acidente que tirou sua mobilidade e a vida do homem que tanto amou.
Suas mãos trêmulas buscaram a mesa de cabeceira uas mãos trêmulas buscaram a mesa de cabeçeira , abriu a caixa de remédios e pegou três pílulas, tomou todas em um gole só.
Olhou para a estante, a imagem do amado de braços abertos sobre um precipício,  o amado de braços abertos sobre um precipicio  eternizada em um porta-retrato.
Chorou agarrada ao travesseiro, como era imensa a sua falta.
Sua ausência estava presente em todo lugar.
E pouco á pouco, adormeceu... tentando sonhar.s pilulas ou tr rem







sábado, 28 de maio de 2011

Folhas de outono

Sentando no banco da praça, observa as rugas em suas mãos calejadas
Sinais do tempo.
Ele conhece todas as histórias das cicatrizes que marcam aqueles dedos.
Histórias que compartilharia com prazer com aqueles estranhos que passam apressados pela rua, se eles ao menos se dessem conta de sua presença.
A velha bengala desgastada encostada ao lado era a sua única companheira.
Seus passos já não eram firmes como outrora, carregava sobre os ombros incontáveis lembranças, lembranças essas que o faziam recurvar diante da nostalgia de seus dias de mocidade.
Seus olhos já não tinham mais o brilho de antes, apenas a sabedoria de quem já viu coisas que muitos julgariam impossíveis.
Quem era aquele homem que passava os dias de sol sentado no banco da praça?
Qual era a sua história?  De onde viera?
Já não importava.
Era mais uma árvore centenária no meio de tantas outras.
Enrugada, retorcida e abandonada.
O outono chegara e das árvores caiam folhas amareladas, do rosto do ancião brotavam lágrimas .
Lágrimas e folhas de outono jogadas ao vento... prenúncio de que o inverno seria frio e solitário.