Não tenho pretensões nenhuma, só escrevo o que quero, quando quero e fim. Nada me define, nada me limita.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A maldição dos reis

Era noite...  A luz da lua projetava sombras por todo o lugar.
O grande salão do trono estava vazio exceto pelo seu frequentador mais ilustre e uma visita inesperada na madrugada. 
O negro da noite era como as suas vestes, os olhos lilás brilhavam no escuro... Do capuz duas mechas dos seus cabelos prateados saltavam sobre os ombros, seu corpo esbelto e ágil se movimentava com graça e leveza ao sair do esconderijo nas trevas. Os rostos de homens sérios, carrancudos e sisudos observavam os seus movimentos, os grandes reis do passado imortalizados em quadros pendurados nas paredes.
Seus passos eram silenciosos através do grande salão, como seriam em qualquer outro tipo de terreno ou lugar, aquele era o seu oficio: a furtividade.
Sentado em um trono dourado em uma plataforma elevada no meio do salão estava aquele a qual denominavam como “A mão de ferro” um tirano usurpador que assassinara o rei por direito e tomara seu lugar.
O povo se submetia aos seus caprichos e extravagâncias, mas entre amigos clamavam pela justiça que sabiam... não tardaria. Assim diziam as profecias.
Era do conhecimento de todos que aquele reino era amaldiçoado.
O usurpador gostava de vim ao salão do trono para se vangloriar do seu feito perante os antepassados do seu rival, sua vaidade assim o exigia nas noites de insônia, quando as palavras da maldição antiga ecoavam pela sua mente na voz assustadora do vento e os boatos de um herdeiro bastardo do rei legitimo fervilhavam em seu sangue.
Degustava de um cálice de vinho, enquanto fitava as figuras ao redor.
- Tolos supersticiosos! ninguém poderia tomar o que havia conquistado.
O gatuno se aproximou do trono pela retaguarda, a poucos passos do alvo, sacou o punhal...  Uma lâmina curva de brilho azulado, com o punho incrustado de jóias, a arma de um nobre.
Tudo aconteceu rápido, um corte de orelha á orelha, o gorgolejar, o ultimo suspiro seguido do baque surto no assoalho e o tilintar da coroa á rolar pelo chão.
A justiça estava feita.
O assassino limpou o punhal nas vestes de sua vitima, desceu o lance de escadas e apanhou a coroa ornamentada com gemas preciosas.
Subiu os degraus com ela em mãos, os olhos ardendo em brasas, sorria.
Algo dentro de si mudara, seus propósitos para estar ali naquela noite mudaram.
Sentou-se no trono e pensou...
Aquele poderia ser o seu lugar por direito.
Direito de sangue.
Abaixou o capuz, revelando os longos cabelos cor de prata, sua consciência pesava em dúvidas.
Colocou displicentemente a coroa sobre a cabeça.
- De fato lhe caíra muito bem, apenas mantenha a cabeça sob ela. ouviu uma voz  sussurrar ao seu ouvido.
Virou-se para os lados sobressaltado, porém não havia ninguém e um calafrio percorreu seu corpo.
E assim, no grande salão do trono do castelo do Vento Uivante um usurpador jazia em uma poça de sangue enquanto outro tomava o seu lugar.
E a justiça tinha sido feita pela maldição dos reis antigos, pela qual nenhum outro rei ocuparia aquele trono se não fosse de seu direito de nascimento.
Sempre haveria traição e morte, até um sangue do seu sangue ocupar novamente o seu devido lugar no trono dourado.


Ps¹: A Imagem é de Drizzt Do'Urden (Forgotten Realms)  leve inspiração para o personagem desse conto.




2 comentários:

  1. Texto mtoooo booom, prendeu minha atenção do inicio ao fim, aguardo os próximos capítulos!! Parabéens!!!

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  2. Muito bom, parabéns!
    Tem continuação? *-*

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