Não tenho pretensões nenhuma, só escrevo o que quero, quando quero e fim. Nada me define, nada me limita.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

A hipocrisia da morte


Parado junto á porta do quarto, encostado com o pé direito apoiado displicentemente na parede, os braços cruzado sobre o peito, ainda vestido com o avental do hospital publico, ele observa a cena.
No leito seu corpo parecia adormecido, porém, já não respirava há alguns minutos.
A filha segura sua mão, chorando aos soluços a morte do pai.
-Meu pai, meu pai! Lamuriava-se
A viúva sentada logo ao lado, aperta firmemente o terço enquanto reza e encomenda a alma do falecido.
Os médicos já tinham desligado todos os aparelhos que mantinham um fiapo de esperança... Esperança de que ele fosse sair dessa.
Evitar o inevitável.
 “Dane-se!” pensou.
Seus pensamentos foram interrompidos pelo surgimento abrupto do seu vizinho e amigo, mal tinha entrado no quarto e logo se dirigiu á viúva que prontamente encarregou-se de enxugar as lágrimas e receber as condolências.
- Meus pêsames Silvia, para o que precisar de mim, eu estarei aqui. Disse segurando as mãos da mulher.
Depois vieram o chefe e alguns colegas do escritório, todos consternados com a morte do querido colega e funcionário.
- Que lástima! Que perda irreparável! Anunciou o patrão inaugurando o discurso que seguiu o de toda a trupe.
Seria cômico se não fosse trágico.
Será que já estava no inferno? Seria esse o comitê de boas vindas?
Infarto, aos 42 anos, resultado de uma esposa infiel, de problemas de relacionamento com a filha, de um emprego estafante e de um chefe inescrupuloso.
Quando enfim  será que terá paz? 





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